23/06/2017
Ao contrário do que a maioria pensa, as festas juninas não surgiram em terras brasileiras, embora homenageiem três santos católicos: Santo Antônio (no dia 13 de junho), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29).
A origem das comemorações nessa época do ano é anterior à era cristã. No hemisfério norte, diversas celebrações pagãs aconteciam durante o solstício de verão (exato momento do início do verão). Essa importante data astronômica marca o dia mais longo e a noite mais curta do ano, o que ocorre nos dias 21 ou 22 de junho no hemisfério norte. No hemisfério sul acontece exatamente o inverso.
Diversos povos da Antiguidade, como os celtas e os egípcios, aproveitavam a ocasião para organizar rituais em que pediam fartura nas colheitas. Na Europa, os cultos à fertilidade em junho foram reproduzidos até por volta do século 10. Como a igreja não conseguia combatê-los, decidiu cristianizá-los, instituindo dias de homenagens aos três santos no mesmo mês.
Curiosamente os índios que habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses também faziam importantes rituais durante o mês de junho. Apesar dessa época marcar o início do inverno por aqui, eles tinham várias celebrações ligadas à agricultura, com cantos, danças e muita comida.
Com a chegada dos jesuítas portugueses, os costumes indígenas e o caráter religioso dos festejos juninos se fundiram. É por isso que as festas tanto celebram santos católicos como oferecem uma variedade de pratos feitos com alimentos típicos dos nativos. Já a valorização da vida caipira nessas comemorações reflete a organização da sociedade brasileira até meados do século 20, quando 70% da população vivia no campo. Hoje, as grandes festas juninas se concentram no Nordeste, com destaque para as cidades de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB). O Nordeste para durante um mês para celebrar o São João.
Mitos e curiosidades
A quadrilha tem origem francesa, nas contradanças de salão do século 17. Em pares, os dançarinos faziam uma sequência coreografada de movimentos alegres. O estilo chegou ao Brasil no século 19, trazido pelos nobres portugueses, e foi sendo adaptado até fazer sucesso nas festas juninas. Prova disso é que algumas palavras ditas durante a quadrilha tem som francês, como por exemplo, o “balancê”.
A fogueira já estava presente nas celebrações juninas feitas por pagãos e indígenas, mas também ganhou uma explicação cristã: Santa Isabel (mãe de São João Batista) disse à Virgem Maria (mãe de Jesus) que quando São João nascesse acenderia uma fogueira para avisá-la. Maria viu as chamas de longe e foi visitar a criança recém-nascida.
Os antigos dizem que os festejos de São João devem ser feitos na véspera (dia 23) porque se ele acordar com os fogos, vai fazer tanta festa que “vai acabar o mundo”.
As músicas juninas variam de uma região para outra. No Nordeste, as composições do sanfoneiro pernambucano Luiz Gonzaga são as mais famosas. Já no Sudeste, compositores como João de Barro e Adalberto Ribeiro (“Capelinha de Melão”) e Lamartine Babo (“Isto é lá com Santo Antônio”) fazem sucesso em volta da fogueira
Os três santos homenageados em junho inspiram não só novenas e rezas, como também várias simpatias. Acredita-se, por exemplo, que os balões levam pedidos para São João. Mas Santo Antônio é o mais requisitado, por seu “poder” de casar moças solteiras
A comida típica nessas ocasiões é quase toda à base de grãos e raízes que nossos índios cultivavam, como milho, amendoim, batata doce e mandioca. A colonização portuguesa adicionou novos ingredientes e hoje o cardápio ideal tem milho verde, bolo de fubá, pé-de-moleque, quentão, pipoca e outras gostosuras.
Algumas comunidades evangélicas também deram um jeito de aderir aos festejos. O fim da resistência às possíveis festas pagãs, no entanto, foi ensaiado e já é praticado em comunidades evangélicas do Nordeste ao Sul, sem elementos que remetam ao que os adeptos desaprovam.
As fogueiras, por exemplo, nem sempre são acesas. Os santos não existem (a Festa de São João virou a de "Sem João, com Cristo") e as bebidas não incluem álcool. O quentão (cachaça fervida com gengibre) virou o "crentão" , uma mistura de água, açúcar e gengibre. Tem até vinho quente feito com suco de uva.
De qualquer forma o importante é festejar. Só soltar balões é proibido porque é crime (Art. 42 da Lei9605/98 que trata sobre Crimes Ambientais). A lei diz que fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano é crime e a pena prevista é detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Fonte: Editora Abril e Uol.