Edvaldo, o fundista
Quando alguma coisa emperra, quebra, precisa de reparos ou troca, a pessoa de quem todos lembram é do Edvaldo. O sempre cortês, risonho e competente Edvaldo Ferreira da Silva, o Coordenador de Manutenção da Cohab, é quem sempre tem a solução para qualquer situação que precise de mãos habilidosas e mente criativa. Tem sido assim, desde 2004, quando ingressou na empresa na função de pedreiro e permanece até os dias de hoje como líder das equipes de manutenção. Mas, nos últimos cinco anos, outra habilidade desse senhor de 55 anos de idade e muita vitalidade, tornou-o conhecido entre os colegas de trabalho: sua paixão por maratonas e corridas de longa distância. Sua mais recente façanha, no Dia 1° de Maio, foi arrebatar o terceiro lugar, percorrendo - em 17 horas e 35 minutos - os 120 quilômetros de trilhas de ida e volta de Valinhos a Itatiba
O “Faz tudo” da Cohab
Tem torneira vazando? O cano entupiu? Precisa de uma extensão na tomada? Erguer uma parede? Derrubar um muro? Enquadrar uma moldura? alterar o lay-out da sala? Chame o Edvaldo. Ele dá um jeito para tudo. Conhecido pela sua habilidade com mãos e ferramentas, também é reconhecido por sua disposição em ajudar e pelo sorriso, sempre estampado no rosto. Mesmo quando a máscara de proteção respiratória cobre o rosto, a expressão continua gravada nos olhos. E é esbanjando competência, simpatia e cordialidade que Edvaldo conquista amigos desde de 2004, quando pisou pela primeira vez na Cohab, contratado para a função de pedreiro. De lá, até os dias de hoje, o jeito Edvaldo de ser só conquistou promoções, ampliou as amizades e colecionou admiradores. Para quem não rejeita desafios, ele enfrenta um de peso: cursa o sétimo semestre da Faculdade de Engenharia Civil da Faculdade Anhanguera, de Valinhos. As metas profissionais desde lutador ainda darão muito o que falar.
E a vivência com os amigos não se resume às horas que passam juntos no expediente. Ele se estende aos fins de semana, pescarias e reuniões em família para jantares e almoços ou mesmo só para tomar um café na casa do outro. Mas não peça para ele citar nomes. Edvaldo desanda enumerar colegas de trabalho, lembrar parceiros e chefes, que se fosse para colocar todos nesta matéria a lista ficaria tão intensa quanto uma lista telefônica dos velhos tempos. Para cada um, no entanto, tem uma palavra de carinho e algo para elogiar.
Quando a dedicação ao esporte está no sangue
O prestativo Edvaldo não existe apenas no trabalho. Em casa é o homem que lava louça, limpa quintal, conserta tudo, treina o neto no futebol, incentiva a filha no ciclismo e ainda é voluntário nas atividades sociais e beneméritas da Igreja Batista de Valinhos. Casado há 36 anos com Valéria Pimentel da Silva, pai de três filhos -- Priscila, de 35 anos, Ana Késia, de 33 e Eduardo, de 27 -- e avô do espevitado pontepretano Brian, de 7 anos e dos pernambucanos Yago e Laura, Edvaldo dedica grande parte de seu dia à família.
Ele sempre gostou da atividade física, jogou futebol no time da igreja e fazia trilhas de bicicleta. Foi Edvaldo quem encorajou a filha Priscila participar de uma prova ciclística de 46 quilômetros pelas trilhas da região. O neto Brian também não dá um dia de folga a seu avô-treinador. Espera-o no portão todas as tardes para um bate-bola no quintal. E nem aceita desculpas de que o dia de trabalho foi intenso ou cansativo. Se a bola não rolar, tem choro e muxoxo o resto da noite. Mas foi o genro Roney quem acertou na veia do incansável desportista: desafiou-o a juntar-se a ele nas provas de corrida de rua, a começar pela Corrida Integração, promovida pela EPTV Campinas. E foi aí que Edvaldo começou um novo ciclo de sua vida de desportista amador e apaixonado.
Correr é só começar. E Edvaldo nunca mais parou
A princípio, participar da Corrida Integração parecia ser uma meta inatingível para um homem que completaria cinquenta anos de idade, poucos dias antes da prova. Edvaldo até tentou argumentar que correr atrás de uma bola no gramado da várzea não lhe daria preparo físico necessário para enfrentar o desafio da prova pedestre. Mas o genro Roney, entusiastas de corridas de rua, não estava a fim de perder companheiro de provas e insistiu para que o sogro se inscrevesse no evento. Afinal, como ele dizia, “para correr só é preciso começar”. Em 2015, ambos se inscreveram para correr cinco quilômetros na Corrida Integração, Edvaldo não teve fôlego para tanto: jogou o boné, depois de trotar os três primeiros quilômetros. Mas isso seria apenas o início de uma paixão avassaladora.
No ano seguinte, concluiu a prova dos cinco quilômetros em 35 minutos. Seu tempo foi melhorando. O genro, sem fôlego, corre lá atrás e Edvaldo, em sua última prova fechou o circuito em 23 minutos. Mas a conquista da Corrida Integração agora é só o aperitivo que Edvaldo sorve com satisfação. Nos últimos cinco anos participou de mais se setenta provas, exibindo a força e a velocidade de suas pernas nas provas de ruas, maratonas e meia-maratonas de Valinhos, Campinas, Monte Mor, Paulínia, São Roque, 28 Praias de Ubatuba e em outras plagas. Na última corrida de São Silvestre, competindo com mais de 30 mil atletas, chegou em 534° lugar.
Um ano antes, em visita a filha Ana Késia e os netos Yago, de 14 anos e Laura de 9 anos, se inscreveu e participou da corrida de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco e trouxe em sua bagagem de volta a Valinhos o troféu do primeiro lugar de sua categoria.
120 quilômetros em 17 horas e 35 minutos
Sua mais recente – mas não última --- façanha, coroou as comemorações do Dia Primeiro de Maio, exercitando as pernas no Desafio 120 Quilômetros da RMC. Partiu de Valinhos na noite de sexta feira (30/04) e por 17 horas e 35 minutos, correu nas trilhas de Joaquim Egydio, Pedreira, Amparo, Morungaba e Itatiba, retornando pelo mesmo caminho até chegar em Valinhos às 15:35 horas do dia seguinte. Com o tênis em frangalhos, coração disparado, corpo exausto, mas com o peito enfeitado com a medalha de bronze e as mãos segurando o troféu de terceiro colocado. E o incentivador e treinador, Roney? Nesta prova ele participou, no carro de apoio, abastecendo com água e barras de cereais o circuito do sogro.
Perguntado sobre a razão de participar de atividades desse tipo, Edvaldo foi direto e simples: “Provas que exigem superação de suas qualidades só fazem bem para o corpo e para a mente. Sinto-me realizado, mas tenho a convicção de que ainda tem muito desafio esperando por mim”.
Edvaldo não tem patrocinadores. Corre por paixão pelo esporte e para, como ele mesmo diz, desafiar as próprias limitações. E parece que, para ele, o limite ainda está longe de ser alcançado. Suas pernas e perseverança ainda percorrerão muitas léguas por trilhas e pistas.
Edvaldo não é o único que tem conquistas para contar. Se você tem um hobby, habilidade ou talento, compartilhe sua história conosco (fone 3119.9523). Teremos o maior prazer em mostrar nossas as Pratas de nossa casa.
Texto: Milton Frungilo
Fotos: Toninho Oliveira